O que Marx antecipara era uma revolução internacional nos países capitalistas avançados. O que vingou, porém, foi um putsch isolado num país agrário e semifeudal. A disuntiva era brilhante, inapelável: se o experimento soviético fosse bem-sucedido, o marxismo estaria ustificado pela força esmagadora dos fatos; mas se ele naufragasse, se a revolução fosse traída ou descambasse num mero despotismo asiático, bem, aí era preciso frisar que Marx nunca teria acreditado que o verdadeiro counismo pudesse se tornar realidade ou mostrar a que veio num país tão atrasado como a Rússia czarista.
Eduardo Giannetti, Felicidade: diálogos sobre o bem-estar na civilização, São Paulo, 2002, p. 44